Sinopse: Nem sempre a vida é colorida como um quadro ou suave como uma pincelada, às vezes é o contrário de tudo isso. Depois de perder os pais em um acidente de carro aos oito anos de idade, a única coisa que Betina precisa fazer é encontrar o responsável por ter destruído sua família na noite que daria início à sua próspera carreira como pintora. Agora longe dos pincéis e das paletas, ela está focada em terminar a primeira graduação e procurar na justiça um pouco de consolo para o caos que o seu passado ainda traz. Ao lado de seus amigos e sob o teto de uma tia que a detesta, ela perceberá de que cores as pessoas são feitas, e do quanto é realmente necessário olhar para dentro de tudo aquilo que a assombra, mesmo que para isso precise passar por uma inesperada decepção.
Título: Nunca Olhe para Dentro|Autora: Amanda Ághata Costa|Páginas: 482|Ano: 2017 |Classificação: 4,5| SKOOB
Resenha: Normalmente, comento nas resenhas o quanto
admiro os livros que mexem com minhas emoções e traz algum ensinamento para
minha vida. Nunca Olhe Para Dentro pode parecer mais um clichê, num primeiro
momento, mas a verdade é que ele é um livro sensível, com personagens únicos,
uma história única e com um importante alerta para nós. Se eu gostei desse
nacional super aguardado? Eu amei e agora estou me sentido amarela, azul,
branca, verde e, por que não, laranja?
Betina, nossa protagonista, tem um dom único:
ela pinta desde pequenininha. Ela respira tanta arte que ela tem o costume de
classificar o humor e a personalidade das pessoas por cor (como mostrado em sua tabela de cores na imagem abaixo) e, por ser uma menina
tão iluminada, ela recebeu o apelido de Amarelinha.
A vida da garotinha não poderia estar mais
perfeita. Tem pais amorosos, um dom incrível e com apenas 8 anos de idade está
expondo seus quadros em uma galeria de arte de sua cidade. Fato é que Betina
era a menina prodígio de Ostala, mas a vida pode pregar peças que mudam
completamente o futuro.
“Não existe segurança quando se fala em viver. A vida é a maior das aventuras selvagens e não oferece nenhum tipo de garantia. É pegar ou largar”.
Ao sair da exposição dos quadros, Betina e os
pais sofrem um acidente de carro que acaba afundando em um dos lagos mais gelados
da cidade. Milagrosamente, o corpo dela boia até a superfície permitindo ser
salva, mas seus pais não tem a mesma sorte. Depois disso, diversas especulações sobre a
causa do acidente são levantadas, mas o caso é arquivado depois de algum tempo,
mesmo Betina tendo certeza de que houve alguém que causou o acidente. As autoridades, por fim, dão a guarda da menina para sua parente viva mais próxima: Cecília, irmã da mãe de Betina.
Doze anos se passam. Doze anos de luto. Luto
pela perda dos pais. Luto pela vida que ela poderia ter tido. E luto pela sua
carreira artística arruinada. Assim que foi para a casa da tia, Betina foi proibida
de pintar. Seus quadros e seus materiais de pintura foram quebrados sem dó nem
piedade e é a partir desse momento que a menina começar a viver um verdadeiro
pesadelo.
“Crescer machuca. Crescer exige deixar muitas características pelo caminho. Você não pode crescer e carregar tudo consigo. Ou deixa para trás ou segue em frente”.
Nesses doze anos, Betina sofre agressões
físicas e psicológicas tanto de Cecília quanto dos namorados dela. Ela vive em
um constante medo e, apesar de agora ser maior de idade e já estar terminando a
faculdade de Pscicologia, a jovem não consegue encontrar coragem para denunciar a
violência doméstica praticada pela tia à polícia. É por puro medo de que mais
maldades aconteçam que ela permanece em silêncio e, junto com a personagem, vamos
sofrendo por cada abuso que ela sofre.
“Garotas passam maquiagem para sentirem-se mais bonitas. Eu passo maquiagem para esconder hematomas que me fazem sentir horrível”.
Sua vida é amenizada pela presença dos seus
amigos. Paola está na vida dela desde a infância e é o verdadeiro porto-seguro
da nossa protagonista. Já Caio é um amigo de faculdade que se tornou essencial
na vida das duas. Na verdade, os três estudam na mesma sala e são inseparáveis.
Betina é a amarelinha meio apagada por causa das tristezas. Paola e Caio, por
outro lado, são os unicórnios vingadores (como são chamados por Betina). Eles
formam uma dupla de explosão de alegria. São verdadeiros rosas misturados com laranja. Com
certeza, a vida de Betina é menos pesada por causa da presença deles.
Mas é quando Betina conhece o lindo médico Nicolas que sua
vida começa a mudar. Ela finalmente vai encontrar um amor pelo qual vale a pena
arriscar aceitar as mudanças. Mudanças essas que vão trazer algumas reviravoltas
na história.
Vocês acham que Cecília vai gostar de ver
Betina assim tão feliz? Não! Muito menos ao perceber que Betina está prestes a
sair de casa e a lutar com unhas e dentes para saber o causador do acidente que
matou seus pais.
Esse livro foi uma grande surpresa para mim. É
fato que a autora Amanda escreve super bem e, sim, eu estava com altas
expectativas por essa história. Mas, como disse lá em cima, eu esperava que
esse fosse mais um New Adult clichê que estamos acostumados a ler. Confesso que não
curto tanto esses clichês mais... mas, NOPD mexeu comigo.
“A vida pode ser um belo quadro, se você souber pintá-lo com o pouco que tem”.
A mistura de uma narrativa leve com a aura
artística que nos permeia ao longo do livro me conquistou logo de cara. A ideia
de caracterizar o humor das pessoas por cores foi genial e bem criativa. A
construção dos personagens foi feita de forma a torna-los criveis. E o que
dizer do romance entre Nicolas e Betina? Eles migram entre cenas de pura
química para cenas de um carinho encantador. Esses são os meus casais
favoritos. Carregam o amor tranquilo que só cresce com o tempo e a paixão que transborda
no olhar.
Contudo, o que mais me agradou neste livro foi
o alerta que a autora nos dá. Violência doméstica é uma das piores violências
que existem porque é facilmente escondida e temida de ser denunciada pela
vítima. E quando falamos de violência não falamos apenas da violência física,
como também da violência psicológica, emocional, moral etc. Às vezes, palavras
podem ferir tanto quanto, ou mais, do que uma agressão física. O silêncio não é
a solução, ele só prolonga ainda mais o sofrimento. Confiram o desabafo da personagem no quote abaixo:
“O meu desabafo vem junto com um pedido. Um pedido por todos aqueles que sofrem abuso, violência, maus tratos das pessoas que deveriam amá-las.
Não sejam passivos. Não fechem os olhos. A violência está no meio de nós, dentro das casas, escondidas por trás dos sorrisos. Ninguém deveria estar vivo por sorte. Ninguém deveria viver sob condições assim”.
Além disso, a autora ainda vai abordar temas como discriminação sexual, homofobia e igualdade de gêneros. Pois é, esse livro pode
ter uma superfície leve devido ao romance e a arte que transborda da vida de
Betina para as páginas, mas ele é muito mais profundo do que se possa imaginar.
Mais uma vez Amanda me surpreende com um livro
admirável e que indicarei para todo mundo. Leiam e deixem-se encantar pela
maravilhosa e emocionante escrita de Amanda Ághata Costa. E prepare os
lencinhos porque há momentos em que é impossível segurar as lágrimas!
Ps. E advinhem? Quem agora está classificando o humor das pessoas por cor? Pois é, me cativei! 💗
“Infelizmente, quem agredi uma vez, agride mil vezes e jamais vai parar de agredir. Ficar calado não ajuda, aceitar em silêncio é pior ainda. O primeiro passo para acabar com a violência é mostrar que ela existe e precisa urgentemente parar de ser desacreditada”.
Um beijo e até a próxima!
Oi, Bazinha! Olha eu aqui novamente =)
ResponderExcluirPrometo não lhe abandonar mais (rs.).
Tenho visto a autora postando muito sobre esse livro e inicialmente esse título foi o que mais despertou minha atenção. A sua resenha é a primeira que leio sobre o livro e agora sabendo de fato do que se trata quero muito ler - mais até que os livros anteriores da autora.
Xoxo, Di.
www.blogvidaeletras.blogspot.com
Já tinha ouvido falar nesse livro, gostei muito da sua resenha, já quero ler :D
ResponderExcluirhttp://submersa-em-palavras.blogspot.com.br/
Amiga que resenha linda. Não sabia que esse livro tinha essa carga dramática toda. Eu confesso que costumo evitar livros que me farão sofrer, mas como vc mesma falou, livros assim são um alerta que ajudam o leitor a reconhecer o mal quando ele se aproxima seja dele ou de alguém que ele ama. Com certeza irá para lista de futuras leituras. Beijos e valeu pela dica de leitura nacional.
ResponderExcluirLeituras, vida e paixões!!!